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4 de abr. de 2013

Um carro é roubado a cada 12h em Divinópolis


Chamada de capa para esta reportagem, publicada dia 4 de abril de 2013 no jornal Agora (foto: reprodução)

Ricardo Welbert
 
Um veículo automotor é furtado ou roubado a cada 12 horas em Divinópolis. A afirmação é baseada em dados do Centro de Processamento de Dados (CPD) da Polícia Civil, obtidos com exclusividade pelo jornal Agora. Somente no ano passado, 730 casos foram confirmados. Divididos pelos 365 dias do período, chega-se ao cálculo de dois registros por dia.

As informações, extraídas de um banco de dados do Sistema Integrado de Defesa Social (Sids), mostram que, em 2010, houve 226 tentativas de furto de veículos, das quais 213 deram certo para os ladrões. Das 11 tentativas de roubos registradas no mesmo ano, 10 terminaram com veículos sendo levados por bandidos.
 
Das 538 tentativas de furto registradas pela polícia em 2011, apenas 23 terminaram com os bandidos presos e veículos devolvidos aos donos. Embora seis tentativas de roubo não tenham dado certo para os criminosos, outras 70 resultaram no desaparecimento de 15 carros, uma camionete e 54 motos.

O ano de 2012, por sua vez, registrou leve redução nas tentativas de furto. Faltou apenas um caso para que os números se igualassem aos 23 do ano anterior. Porém, os casos de furto consumados saltaram para 614 (crescimento de 19%). Com nove tentativas de roubo sem sucesso (contra seis em 2011), 116 foram confirmados (crescimento de 1.060% em relação ao período anterior).
 
Somente nestes quatro primeiros meses de 2013, que somam 93 dias (até ontem), foram confirmados 211 crimes de furtos e roubos de veículos. Se isso for dividido por estes 94 dias do ano, tem-se uma média de 2,24 veículos tomados por criminosos todos os dias.

Desde o início de 2013 até a tarde de ontem, 15 tentativas de furtos de veículos haviam sido registradas (contra 22 em todo o ano passado). Em exatos 94 dias de ano, 170 furtos foram confirmados. Embora quatro tentativas de roubo tenham sido frustradas, 41 foram deram certo para os ladrões, quantidade equivalente a 35% de todos os casos registrados ao longo de todo o ano de 2012, e 58% em relação a todas as ocorrências confirmadas em 2011.

Embora já possa ser considerado preocupante, o número de casos é ainda maior. De acordo com autoridades de segurança pública, muitas vítimas não chamam a polícia quando os crimes acontecem. Assim, o caso não passa a ser investigado e não aparece em estatísticas como estas.
 
O delegado que apura ocorrências de furtos e roubos de veículos em Divinópolis, Gideilson Almeida Contão, disse que o aumento na incidência desses tipos de crime é claro.

"Todos os dias ocorrem novos casos. É importante que todas as vítimas chamem a Polícia Militar para registrar o boletim de ocorrência, pois é através dele que o veículo passa a ser considerado furtado ou roubado em nosso sistema", explicou.

A incidência diária é confirmada também por Lucas dos Santos, auxiliar administrativo de um dos pátios autorizados pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) a armazenar veículos recuperados pela polícia.
"A gente recebe, em média, cinco veículos recuperados todos os dias. Posso afirmar que são mais de 400 entradas por ano", comentou.

Casos ilustram

Furtado à luz do dia na região central, este carro continua desaparecido (foto: divulgação)
A foto desta reportagem mostra um automóvel Vectra, prata, de placa JEZ-7962, furtado em 25 do mês passado. Por volta das 8h, o proprietário estacionou na rua São Paulo, região central. Quando voltou, às 10h30, não achou o veículo, que continua desaparecido.
 
Na noite de segunda-feira (1º), por volta de meia-noite, dois assaltantes abordaram o carro de um casal na rua Espírito Santo, no Centro. Armados com revólver, eles mandaram os ocupantes descerem e fugiram no veículo. A Polícia Militar foi chamada, conseguiu prender os criminosos e recuperar o veículo.
 
Um dia depois, um morador da mesma rua, que pediu para não ter o nome divulgado, contou que guardou o carro na garagem. Quando subia para o apartamento, percebeu que havia dois desconhecidos na garagem e resolveu observá-los de longe. Pouco tempo depois, os homens arrombaram uma caminhonete. Aos gritos, o morador chamou a atenção de vizinhos para o que estava acontecendo. Assustados, os bandidos fugiram sem levar nada.
 
"Na mesma hora, peguei o telefone, chamei a polícia e repassei todas as informações sobre o endereço, o horário do fato e as características dos autores. O policial disse que eu poderia ficar tranquilo, pois uma viatura viria ao local. Esperei até mais de meia-noite, e nada de o carro da polícia chegar. Para piorar, dois homens bem parecidos com os que haviam entrado na garagem passaram em frente à minha casa. A sensação é de insegurança", contou a testemunha.

Questionado sobre a demora no atendimento a este caso, o assessor de comunicação do 23º Batalhão da Polícia Militar, capitão Jocimar Lúcio dos Santos, disse que todas as viaturas de plantão recebem as primeiras informações sobre todos os crimes no mesmo instante em que as vítimas relatam a situação por telefone.

"Na verdade, um único minuto de demora é muita coisa para quem está numa situação como esta. Porém, a PM trabalha com prioridades. As principais delas são as que envolvem risco às vidas das pessoas. Em casos de assaltos à mão armada, como o que aconteceu na noite de 1º de abril, ao menos uma viatura segue imediatamente para o local".
 
Repercussão
 
Questionado sobre a incidência de furtos e roubos de veículos em Divinópolis, o capitão Jocimar Lúcio dos Santos disse que os proprietários precisam ficar atentos, para evitar os ataques.
 
"É recomendável que se instale equipamentos de segurança nos veículos, como alarmes, trancas de direção e travas de roda, pois eles dificultam o furto. Evitar reduzir a velocidade com os vidros das janelas abertos", orientou.
 
De acordo com o militar, a região central da cidade é a mais visada pelos ladrões de carros, porque a movimentação é intensa durante praticamente todo o dia. À noite, especialmente, motoristas ficam descuidados ao chegar com os veículos em casa. Estacionam em locais perigosos ou deixam a porta aberta ao abrir a garagem. Com descuidos assim, tornam-se alvos fáceis.
 
Entenda a diferença

Furto: ocorre quando o criminoso se apropria de algum bem (no caso, veículos) que pertence a outra pessoa sem que o proprietário perceba.

Roubo: acontece quando o criminoso faz ameaças à integridade física da vítima, usando faca ou revólver, por exemplo.

Reportagem originalmente publicada no jornal Agora de 4 de abril de 2013 (foto: reprodução)
 
 

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